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quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Condições propícias


Estudo da Organização Meteorológica Mundial (OMM) divulgado na 15ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP15), em Copenhague, indica que os anos de 2000 a 2009 correspondem à década mais quente na história, derrubando a tese de que o aquecimento global estaria estacionado a partir de 1998 – ano tido como o mais quente já registrado.

Os dados também indicam que 2009 possivelmente será um dos anos de maior calor, com temperatura 0,44º C superior à média mundial. O Sul do Brasil, por exemplo, registrou um dos outonos mais quentes de sua história e um dos efeitos mais extremos das mudanças climáticas na região têm sido as constantes tempestades – Rio Grande do Sul e Santa Catarina têm sofrido com tornados e temporais. O clima quente e úmido torna a área um cenário perfeito para o deslocamento de vetores de doenças, como o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue.

Invernos mais quentes favorecem a reprodução de insetos transmissores de doenças como a dengue, a malária e a leishmaniose. No caso da primeira, há a possibilidade da expansão da doença para áreas onde ela não existe.

“No Brasil o Aedes aegypti pode se expandir para o Sul e se tornar endêmico, aumentando a transmissão e a incidência da doença no país”, alerta o médico Ulisses Confalonieri, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e colaborador do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que em 2007 ganhou o Prêmio Nobel da Paz.

“O mosquito da dengue está presente em todo o Brasil, mas no extremo Sul existe em baixa população por causa do inverno mais rigoroso na região. Mas, à medida que a área fica menos fria, a incidência pode aumentar”, disse à Agência FAPESP.

Segundo ele, o mosquito só não é endêmico em Estados como o Rio Grande do Sul por ter baixa população, embora não seja somente o clima que controle a existência do vetor. “Além do clima, há uma série de fatores, como as ações humanas de controle de vetores, a forma como a urbanização é feita e como os resíduos sólidos são descartados, e também a capacidade do ambiente em formar criadouros”, explicou.

Confalonieri lembra que a incidência da dengue está mais condicionada pela temperatura e umidade adequada. “É necessário que chova para fazer umidade”, observou. O problema é que as altas temperaturas e as frequentes chuvas formam condições propícias para o mosquito se multiplicar na região, caso não haja intervenções de controle do vetor e a população não contribua para evitar a formação de criadouros.

“Existe um medo do aparecimento de doenças exóticas, as pessoas acham que o clima vai criar doenças novas. Mas o clima pode é piorar as condições de doenças que já existem e não são controladas”, alertou o pesquisador.

Em 2007, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apresentou as primeiras projeções climáticas detalhadas para o Brasil até o ano de 2100, utilizando cenários projetados pelo IPCC, por considerá-los os mais adequados à realidade brasileira.

Segundo tais previsões, a região Sul será de 2º C a 4º C mais quente, de 5% a 10% mais chuvosa e apresentará extremos de chuva, enchentes e temperaturas mais intensos, com impactos na agricultura e na saúde da população. Já a região Sudeste ficará de 3º C a 8º C mais quente.

Para Confalonieri, as chuvas que têm assolado o Sul do país podem estar ocorrendo em função dessa mudança no quadro regional do clima, e o que o setor da saúde precisa fazer é um mapeamento das vulnerabilidades.

“A mudança do clima é uma realidade, e os efeitos estão acontecendo de forma comprovada em algumas partes do mundo. Então, temos que saber que regiões do nosso país são mais vulneráveis. Não vulneráveis apenas porque têm ou não o mosquito da dengue ou da malária, mas também por causa da renda baixa e do pouco acesso à educação e à informação, pois fatores sociais, econômicos e culturais tornam vulneráveis uma região e sua população”, destacou.

Impactos diferentes


O pesquisador da Fiocruz atualmente coordena um projeto que pretende traçar índices de vulnerabilidade, fatores socioeconômicos e ambientais de cada município brasileiro.

“Estamos mapeando o que pode ser perdido ou impactado. Os municípios que têm maior diversidade biológica são mais vulneráveis e também aqueles em que historicamente ocorreram eventos extremos de chuva, com perdas de bens materiais”, disse

Segundo Confalonieri, as grandes cidades são impactadas de forma diferente dentro de seus próprios limites geográficos. “Em cidades como Rio de Janeiro e Salvador, por exemplo, as favelas não param de crescer. O grau de vulnerabilidade social e ambiental está aumentando. Temos que estudar o fenômeno climático e o substrato social e cultural. Com a mudança do clima o que vai acontecer com a dengue e com a leptospirose?”, questionou.

No Rio de Janeiro, o projeto já começou e o estudo deverá estar concluído em seis meses. A ideia é fazer o mesmo com cada cidade da Amazônia. “Todo município da Amazônia vai criar um indicador de vulnerabilidade. Devemos lembrar que o aquecimento global é um fenômeno que tem efeitos locais e o efeito principal não é somente o aumento da temperatura”, disse.

Brasil anuncia US$ 5 bilhões para países pobres


Linha de crédito é para adaptações às mudanças climáticas. Delegação brasileira voltou a criticar países ricos.

Os representantes do Brasil na Conferência da ONU sobre mudanças climáticas, a COP-15, reiteraram sua rejeição à proposta dos países ricos de que a maior parte dos fundos de ajuda à adaptação dos países pobres às mudanças climáticas sejam oriundos sobretudo do mercado.

O Brasil quer que a maior parte dos fundos venha dos cofres públicos. “Isso não vai interessar ao mercado”, disso a ministra Dilma Rousseff, referindo-se à ajuda aos países pobres. A proposta informal dos países desenvolvidos prevê que as nações ricas contribuam com apenas 25% desta ajuda.

Estudo revela lista de animais ameaçados de extinção


Dez espécies estão ameaçadas pelo aquecimento global, entre elas os coalas australianos, pinguins imperiais e baleias beluga.

O estudo, divulgado nesta segunda-feira, 14, na conferência do clima da ONU, na Dinamarca, foi elaborado pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês).

De acordo com o estudo, as espécies estão sendo ameaçadas pelo aumento dos níveis dos oceanos e o derretimento das calotas polares.

Indústria adota medidas para reduzir emissões de gases do efeito estufa


Mais da metade das empresas industriais brasileiras adotaram, nos últimos dois anos, medidas que contribuíram para o controle das emissões de gases do efeito estufa. É o que mostra a sondagem Especial Mudança Climática, divulgada nesta quarta-feira (16/12) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília.

Segundo a sondagem, as medidas para redução das emissões são mais frequentes se o porte da empresa é maior, chegando a 76% entre as indústrias de grande porte. “Em termos setoriais, o destaque fica com álcool, borracha e refino de petróleo cujos percentuais de empresas que adotaram alguma ação nos últimos dois anos foram 92%, 80% e 73% respectivamente. No outro extremo estão edição e impressão (40%), equipamentos hospitalares e de precisão (35%) e vestuário (27%)”, informa o documento.

A medida mais realizada ou pretendida pelas indústrias é o uso eficiente da energia, assinalada por 75% das empresas. A substituição das fontes de energia por fontes de menor emissão aparece em segundo lugar (43%), seguida pela instalação de equipamentos para monitoramento e controle de emissões – apontada por 30% das indústrias. Porém, segundo o documento, quase 41% ainda não se decidiram sobre medidas de redução e gestão de emissões nos próximos dois anos.

Entre os estímulos para que a indústria reduza as suas emissões, a preocupação com o meio ambiente foi apontada por 70% das empresas, seguida de imagem e reputação assinalada por 44% das indústrias pesquisadas. Embora considerados importantes, os estímulos de governo como exigências legais e incentivos fiscais ou creditícios foram assinalados por 31% e 28% das empresas, respectivamente.

Quase metade (47%) dos industriais que acreditam que as ações adotadas por governos ou instituições para a redução dos gases de efeito estufa antecipam que tais ações proporcionarão mais custos do que oportunidades ao setor e apenas 15% acham que as oportunidades serão maiores que os custos.

Conhecimento sobre o tema – De acordo com a sondagem, 97% das empresas brasileiras têm conhecimento sobre mudança climática e redução de emissão de gases do efeito estufa, sendo que dessas, 33% conhecem bem o assunto. Do total da indústria, 3,1% não tem conhecimento sobre o tema. “O conhecimento é maior conforme o porte. O percentual de empresas que afirma conhecer bem o tema passa de 30% entre as pequenas empresas para 36% entre as grandes”, diz o documento.

A Sondagem Especial foi realizada entre 30 de setembro e 23 de outubro com
1.418 empresas, sendo 819 pequenas, 401 médias e 198 grandes.