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quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Condições propícias


Estudo da Organização Meteorológica Mundial (OMM) divulgado na 15ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP15), em Copenhague, indica que os anos de 2000 a 2009 correspondem à década mais quente na história, derrubando a tese de que o aquecimento global estaria estacionado a partir de 1998 – ano tido como o mais quente já registrado.

Os dados também indicam que 2009 possivelmente será um dos anos de maior calor, com temperatura 0,44º C superior à média mundial. O Sul do Brasil, por exemplo, registrou um dos outonos mais quentes de sua história e um dos efeitos mais extremos das mudanças climáticas na região têm sido as constantes tempestades – Rio Grande do Sul e Santa Catarina têm sofrido com tornados e temporais. O clima quente e úmido torna a área um cenário perfeito para o deslocamento de vetores de doenças, como o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue.

Invernos mais quentes favorecem a reprodução de insetos transmissores de doenças como a dengue, a malária e a leishmaniose. No caso da primeira, há a possibilidade da expansão da doença para áreas onde ela não existe.

“No Brasil o Aedes aegypti pode se expandir para o Sul e se tornar endêmico, aumentando a transmissão e a incidência da doença no país”, alerta o médico Ulisses Confalonieri, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e colaborador do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que em 2007 ganhou o Prêmio Nobel da Paz.

“O mosquito da dengue está presente em todo o Brasil, mas no extremo Sul existe em baixa população por causa do inverno mais rigoroso na região. Mas, à medida que a área fica menos fria, a incidência pode aumentar”, disse à Agência FAPESP.

Segundo ele, o mosquito só não é endêmico em Estados como o Rio Grande do Sul por ter baixa população, embora não seja somente o clima que controle a existência do vetor. “Além do clima, há uma série de fatores, como as ações humanas de controle de vetores, a forma como a urbanização é feita e como os resíduos sólidos são descartados, e também a capacidade do ambiente em formar criadouros”, explicou.

Confalonieri lembra que a incidência da dengue está mais condicionada pela temperatura e umidade adequada. “É necessário que chova para fazer umidade”, observou. O problema é que as altas temperaturas e as frequentes chuvas formam condições propícias para o mosquito se multiplicar na região, caso não haja intervenções de controle do vetor e a população não contribua para evitar a formação de criadouros.

“Existe um medo do aparecimento de doenças exóticas, as pessoas acham que o clima vai criar doenças novas. Mas o clima pode é piorar as condições de doenças que já existem e não são controladas”, alertou o pesquisador.

Em 2007, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apresentou as primeiras projeções climáticas detalhadas para o Brasil até o ano de 2100, utilizando cenários projetados pelo IPCC, por considerá-los os mais adequados à realidade brasileira.

Segundo tais previsões, a região Sul será de 2º C a 4º C mais quente, de 5% a 10% mais chuvosa e apresentará extremos de chuva, enchentes e temperaturas mais intensos, com impactos na agricultura e na saúde da população. Já a região Sudeste ficará de 3º C a 8º C mais quente.

Para Confalonieri, as chuvas que têm assolado o Sul do país podem estar ocorrendo em função dessa mudança no quadro regional do clima, e o que o setor da saúde precisa fazer é um mapeamento das vulnerabilidades.

“A mudança do clima é uma realidade, e os efeitos estão acontecendo de forma comprovada em algumas partes do mundo. Então, temos que saber que regiões do nosso país são mais vulneráveis. Não vulneráveis apenas porque têm ou não o mosquito da dengue ou da malária, mas também por causa da renda baixa e do pouco acesso à educação e à informação, pois fatores sociais, econômicos e culturais tornam vulneráveis uma região e sua população”, destacou.

Impactos diferentes


O pesquisador da Fiocruz atualmente coordena um projeto que pretende traçar índices de vulnerabilidade, fatores socioeconômicos e ambientais de cada município brasileiro.

“Estamos mapeando o que pode ser perdido ou impactado. Os municípios que têm maior diversidade biológica são mais vulneráveis e também aqueles em que historicamente ocorreram eventos extremos de chuva, com perdas de bens materiais”, disse

Segundo Confalonieri, as grandes cidades são impactadas de forma diferente dentro de seus próprios limites geográficos. “Em cidades como Rio de Janeiro e Salvador, por exemplo, as favelas não param de crescer. O grau de vulnerabilidade social e ambiental está aumentando. Temos que estudar o fenômeno climático e o substrato social e cultural. Com a mudança do clima o que vai acontecer com a dengue e com a leptospirose?”, questionou.

No Rio de Janeiro, o projeto já começou e o estudo deverá estar concluído em seis meses. A ideia é fazer o mesmo com cada cidade da Amazônia. “Todo município da Amazônia vai criar um indicador de vulnerabilidade. Devemos lembrar que o aquecimento global é um fenômeno que tem efeitos locais e o efeito principal não é somente o aumento da temperatura”, disse.

Brasil anuncia US$ 5 bilhões para países pobres


Linha de crédito é para adaptações às mudanças climáticas. Delegação brasileira voltou a criticar países ricos.

Os representantes do Brasil na Conferência da ONU sobre mudanças climáticas, a COP-15, reiteraram sua rejeição à proposta dos países ricos de que a maior parte dos fundos de ajuda à adaptação dos países pobres às mudanças climáticas sejam oriundos sobretudo do mercado.

O Brasil quer que a maior parte dos fundos venha dos cofres públicos. “Isso não vai interessar ao mercado”, disso a ministra Dilma Rousseff, referindo-se à ajuda aos países pobres. A proposta informal dos países desenvolvidos prevê que as nações ricas contribuam com apenas 25% desta ajuda.

Estudo revela lista de animais ameaçados de extinção


Dez espécies estão ameaçadas pelo aquecimento global, entre elas os coalas australianos, pinguins imperiais e baleias beluga.

O estudo, divulgado nesta segunda-feira, 14, na conferência do clima da ONU, na Dinamarca, foi elaborado pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês).

De acordo com o estudo, as espécies estão sendo ameaçadas pelo aumento dos níveis dos oceanos e o derretimento das calotas polares.

Indústria adota medidas para reduzir emissões de gases do efeito estufa


Mais da metade das empresas industriais brasileiras adotaram, nos últimos dois anos, medidas que contribuíram para o controle das emissões de gases do efeito estufa. É o que mostra a sondagem Especial Mudança Climática, divulgada nesta quarta-feira (16/12) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília.

Segundo a sondagem, as medidas para redução das emissões são mais frequentes se o porte da empresa é maior, chegando a 76% entre as indústrias de grande porte. “Em termos setoriais, o destaque fica com álcool, borracha e refino de petróleo cujos percentuais de empresas que adotaram alguma ação nos últimos dois anos foram 92%, 80% e 73% respectivamente. No outro extremo estão edição e impressão (40%), equipamentos hospitalares e de precisão (35%) e vestuário (27%)”, informa o documento.

A medida mais realizada ou pretendida pelas indústrias é o uso eficiente da energia, assinalada por 75% das empresas. A substituição das fontes de energia por fontes de menor emissão aparece em segundo lugar (43%), seguida pela instalação de equipamentos para monitoramento e controle de emissões – apontada por 30% das indústrias. Porém, segundo o documento, quase 41% ainda não se decidiram sobre medidas de redução e gestão de emissões nos próximos dois anos.

Entre os estímulos para que a indústria reduza as suas emissões, a preocupação com o meio ambiente foi apontada por 70% das empresas, seguida de imagem e reputação assinalada por 44% das indústrias pesquisadas. Embora considerados importantes, os estímulos de governo como exigências legais e incentivos fiscais ou creditícios foram assinalados por 31% e 28% das empresas, respectivamente.

Quase metade (47%) dos industriais que acreditam que as ações adotadas por governos ou instituições para a redução dos gases de efeito estufa antecipam que tais ações proporcionarão mais custos do que oportunidades ao setor e apenas 15% acham que as oportunidades serão maiores que os custos.

Conhecimento sobre o tema – De acordo com a sondagem, 97% das empresas brasileiras têm conhecimento sobre mudança climática e redução de emissão de gases do efeito estufa, sendo que dessas, 33% conhecem bem o assunto. Do total da indústria, 3,1% não tem conhecimento sobre o tema. “O conhecimento é maior conforme o porte. O percentual de empresas que afirma conhecer bem o tema passa de 30% entre as pequenas empresas para 36% entre as grandes”, diz o documento.

A Sondagem Especial foi realizada entre 30 de setembro e 23 de outubro com
1.418 empresas, sendo 819 pequenas, 401 médias e 198 grandes.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

COP-15 é farsa; Amazônia crescerá com aquecimento

Atento aos estudos sobre os impactos das mudanças climáticas globais e às notícias sobre a Cúpula do Clima (COP-15) em Copenhague, Dinamarca, o geógrafo Aziz Ab'Sáber, 85, considerado referência no assunto, ratifica a tese de que o planeta está mesmo aquecendo. Mas não acredita que as medidas apresentadas na conferência possam impedir esse processo.

O professor emérito da Universidade de São Paulo (USP) classifica a conferência como "farsa". "Em um lugar com mais de 1.000 pessoas, não pode haver debate ou questionamentos", justifica.

Tampouco acredita nas metas levadas para a redução de emissão de CO2: "São metas irreais. Quando um país leva uma meta que vai reduzir 40%, por exemplo, não vai".

Ponderado, o professor, critica os que ele chama de "terroristas do clima": "Não tenho dúvida de que as causas (do aquecimento) não são tão perfeitas quanto eles pensam".

Ab'Saber estuda geografia há 68 anos (ingressou aos 17 no curso de geografia da USP), ele afirma que os "terroristas" não consideram os movimentos periódicos do clima ou as variações climáticas ao longo da história da Terra.

Sobre as consequências catastróficas prenunciadas pela maioria dos cientistas, ele também faz inúmeras ressalvas. Para ele, o aquecimento não causará a desertificação das florestas tropicais, ao contrário. "A tendência, no caso da mata Atlântica e da Amazônia, é que elas cresçam", defende.

principais trechos da entrevista:

O que o senhor está achando da 15ª Conferência das Partes da ONU em Copenhague, a COP-15?
Aziz Ab'Saber
-Copenhague é uma farsa, quando eu vi que levaram cerca de 700 pessoas do Brasil pra lá eu disse "meu Deus", essas pessoas não terão um segundo pra falar, nem nada. Para mim, quando uma conferência passa de 1.000 pessoas na sala, elas ficam só ouvindo as metas e propostas dos outros. Não há espaço para debate ou questionamento. Além disso, os países levam metas irreais. Quando um país diz que vai reduzir 40%, por exemplo, não vai. Espertos são os países que levam metas baixinhas.

E quanto ao objetivo central da conferência: reduzir as emissões de CO2?
Não tenho a menor dúvida de que as causas não são tão perfeitas como eles pensam. Mas é fato que está havendo um aquecimento: Na cidade de São Paulo, no século passado, tinha 18,6 graus Celsius de temperatura média na área central. Hoje, tem entre 20,8 e 21,2 graus. Se a gente fizer a somatória de todas as cidades em São Paulo e as contas do desmate ocorrido no nosso território, veremos que com esses desmates o sol passou a bater diretamente no chão da paisagem. Se esse aquecimento é em função do calor das grandes cidades... O clima urbano deve ser considerado, porque evidentemente esse clima tem certa projeção espacial, em algumas cidades mais em outras menos.
Há também que se considerar os efeitos das chamadas Células ou Ilhas de Calor, por que quando eu digo que a temperatura da cidade de São Paulo aumentou nesse século, eu não falo do estado como um todo, nem mesmo da cidade. A temperatura medida na área central é uma, nos Jardins é outra e, lá onde eu moro, perto de Cotia, é outra.

E os inúmeros alertas para as consequências do aquecimento: O aumento do nível do mar, a desertificação de florestas...
Mas essas observações de que o aquecimento global vai derrubar a Amazônia são terroristas! Há um aquecimento? Sim, seja ele mediano ou vagaroso, mas, quanto mais calor, a tendência, no caso da mata Atlântica e da Amazônia, é que elas cresçam e não que sejam reduzidas. Parece que essas pessoas, esses terroristas do clima nunca foram para o litoral! A gente que observa o céu vê que as nuvens estão subindo e sendo empurradas para a Serra do Mar, levando mais umidade para dentro do território. Esses cientistas alarmistas não observam nada, não têm interdisciplinaridade. Na média, está havendo aquecimento, mas as consequências desse aquecimento não são como eles preveem. Mas essa é uma realidade não relacionada tão diretamente com a poluição atmosférica do globo e pode sofrer críticas sérias de pessoas com maior capacidade de observação.

Esse ano nós tivemos um clima problemático... Enchentes sérias em São Paulo, em Santa Catarina...
Esse ano é um ano anômalo, El Niño funcionou por causa do aquecimento do Pacífico equatorial, a umidade veio pra leste, bateu na Colômbia, lá houve problemas sérios, inundações. Aqui, essa massa de ar úmida entrou pela Amazônia e outras regiões sul-sudeste, e perturbou todo o sistema de massas de ar no Brasil. E continua, isso vem desde novembro do ano passado até hoje. Quando o pessoal diz: "Olha, está muito calor, o aquecimento!", eles não sabem as consequências das perturbações climáticas periódicas. E aí entra o problema da periodicidade climáticas que ninguém fala! Se não falarem disso lá em Copenhague, será uma tristeza para a climatologia. A periodicidade do El Niño é de 12 em 12, 13 em 13, ou 26 em 26 anos. Então ontem, no jornal, alguém disse: "O último ano que fez tanto calor foi em 1998". Há 11 anos, a medida do El Niño, então esse calor, essas chuvas, é um tempo diferenciado provocado pelo El Niño.

E o que aconteceu?
O que aconteceu naturalmente? Sem indústria, sem nada: Entre 23 mil e 12 mil anos A.P. (termo da Arqueologia, significa "Antes do Presente". Tendo por base o ano de 1950), houve um período muito crítico. O planeta passou por um período de glaciação. Devido ao congelamento de águas marinhas nos pólos Norte e Sul, o nível dos oceanos era cerca de 90 metros mais baixo do que o registrado hoje. A partir de 12 mil anos atrás, cessou o clima frio e começou a haver um aquecimento progressivo. Com isso, o nível do mar subiu, ele tinha descido 95 metros.

Isto, por conta do aquecimento...
Com o aquecimento, as grandes manchas florestais, que haviam se reduzido a refúgios, cresceram. A esse processo, que aconteceu principalmente na costa brasileira, eu dei o nome de "A Réplica do calor" e o período foi chamado de Optimum climático. Durante esse Optimum climático, o calor foi tão grande que o nível do mar subiu, embocando nas costas mundiais, formando baías, golfos, rias (canal ou braço do mar)

.E o que aconteceu depois?
Houve mais chuvas, o que favoreceu a continuidade das florestas. O optimum é uma fase da história climática do mundo que vários cientistas e o próprio IPCC não consideram. Como naquele período, nem a mata Atlântica nem a Amazônia desapareceram do mapa, não é certo dizer que até 2100 a Amazônia vai virar cerrado.

Qual é o principal risco do aquecimento, então?
Conclusão: se está havendo certo nível de aquecimento que é antrópico (relativo à ação do homem), o que irá acontecer é certo degelo - que não é relacionado com as coisas que eles falam lá de supra atmosfera, o homem tem uma pequena parcela nisso. A conclusão que se chega é que haverá impactos nas cidades costeiras. Realmente é perigoso: há aquecimento, há degelo e o mar está subindo.

Mas esse aquecimento é controlável pelo homem? É possível impedi-lo?
Não é possível. O que é possível é que as cidades costeiras comecem já seus projetos para defender as ruas principais, mais rasas.
A redução da emissão de gás carbônico pelo homem vai amenizar um pouco esse processo, mas eles falam nisso sem lembrar a periodicidade, eu não desprezo o fato que as emissões de CO2 podem influir na climatologia do mundo, mas eu acho ruim que eles não conhecem dinâmica climática, não sabem nada do que já aconteceu no passado de modo natural e estão facilitando a vida dos que querem aproveitar-se da situação.

Quem são esses?
Por exemplo, o governador do Amazonas, Eduardo Braga (PMDB-AM), que disse recentemente: "Nossa região é uma vítima do aquecimento global, não a vilã". Eles pensam assim: "Já que o aquecimento global vai mesmo destruir a Amazônia, que deixe a floresta para nós". A senadora Kátia Abreu (DEM-TO), diz que agricultura nunca afetou em nada o meio ambiente... O problema é o mesmo, na Amazônia, a diminuição da mata que permaneceu quase intacta até 1950. Eu estive lá: Era tão difícil estudar lá, de tão ampla que era a mata, biodiversa e densa.

E Hoje?
Vai lá pra ver como está. O desmate da cidade é incrível! Tem uma coisa que eu não gosto de dizer para jornalista... Mas vou dizer: Todo espaço virou mercadoria! Nos arredores da cidade, especulação. Não são produzidas coisas economicamente boas para o Estado e para o País. O espaço é todo deles!

Entenda a COP 15


Saiba o que será negociado na 15ª Conferência das Partes, da ONU, entenda os diferentes interesses em jogo, a posição dos países em relação aos principais assuntos que envolvem o aquecimento global e a importância desse encontro para o planeta. É o destino da civilização humana que está em jogo em Copenhague.

A COP-15, 15ª Conferência das Partes, realizada pela UNFCCC - Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, de 7 a 18 de dezembro deste ano, em Copenhague (Dinamarca) , vem sendo esperada com enorme expectativa por diversos governos, ONGs, empresas e pessoas interessadas em saber como o mundo vai resolver a ameaça do aquecimento global à sobrevivência da civilização humana.

Não é exagero. De acordo com o 4º relatório do IPCC - Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, órgão que reúne os mais renomados cientistas especializados em clima do mundo, - publicado em 2007, a temperatura da Terra não pode aumentar mais do que 2º C, em relação à era pré-industrial, até o final deste século, ou as alterações climáticas sairão completamente do controle.

Para frear o avanço da temperatura, é necessário reduzir a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera, já que são eles os responsáveis por reter mais calor na superfície terrestre. O ideal é que a quantidade de carbono não ultrapassasse os 350ppm, no entanto, já estamos em 387ppm e esse número cresce 2ppm por ano.

Diminuir a emissão de gases de efeito estufa implica modificações profundas no modelo de desenvolvimento econômico e social de cada país, com a redução do uso de combustíveis fósseis, a opção por matrizes energéticas mais limpas e renováveis, o fim do desmatamento e da devastação florestal e a mudança de nossos hábitos de consumo e estilos de vida. Por isso, até agora, os governos têm se mostrado bem menos dispostos a reduzir suas emissões de carbono do que deveriam.

No entanto, se os países não se comprometerem a mudar de atitude, o cenário pode ser desesperador. Correremos um sério risco de ver:
- a floresta amazônica transformada em savana;
- rios com menor vazão e sem peixes;
- uma redução global drástica da produção de alimentos, que já está ocorrendo;
- o derretimento irreversível de geleiras;
- o aumento da elevação do nível do mar, que faria desaparecer cidades costeiras;
- a migração em massa de populações em regiões destruídas pelos eventos climáticos e
- o aumento de doenças tropicais como dengue e malária.

COP-15: É AGORA OU NUNCA!
Apesar de a UNFCCC se reunir anualmente há uma década e meia, com o propósito de encontrar soluções para as mudanças climáticas, este ano, a Conferência das Partes tem importância especial. Há dois anos, desde a COP-13 em Bali (Indonésia), espera-se que, finalmente, desta vez, tenhamos um acordo climático global com metas quantitativas para os países ricos e compromissos de redução de emissões que possam ser mensurados, reportados e verificados para os países em desenvolvimento.

A Convenção vai trabalhar com o princípio das responsabilidades comuns, porém diferenciadas. Isso significa que os países industrializados, que começaram a emitir mais cedo e lançam uma quantidade maior de CO2 e outros gases de efeito estufa na atmosfera em função de seu modelo de crescimento econômico, devem arcar com uma parcela maior na conta do corte de carbono. Por isso, a expectativa é de que os países ricos assumam metas de redução de 25% a 40% de seus níveis de emissão em relação ao ano de 1990, até 2020.

Os países em desenvolvimento, por sua vez, se comprometem a reduzir o aumento de suas emissões, fazendo um desvio na curva de crescimento do "business as usual" e optando por um modelo econômico mais verde. É isso o que fará com que Brasil, Índia e China, por exemplo, possam se desenvolver sem impactar o clima, diferentemente do que fizeram os países ricos.

Para mantermos o mínimo controle sobre as consequências do aquecimento global, a concentração global de carbono precisa ser estabilizada até 2017, quando deve começar a cair, chegando a ser 80% menor do que em 1990.

PROTOCOLO DE KYOTO - PARTE 2
Engana-se quem pensa que as decisões tomadas na COP-15 substituirão o Protocolo de Kyoto. Na realidade, paralelamente à Conferência, mas no mesmo espaço, é realizada a 5ª Reunião das Partes do Protocolo de Kyoto, que deve definir quais serão as metas para os países do chamado Anexo I, para o segundo período de compromisso do documento, que vai de 2013 a 2017. Várias das reuniões que ocorrem nos quinze dias de encontro servem, ao mesmo tempo, aos dois eventos.

Até 2012, os países desenvolvidos signatários do Protocolo, devem reduzir suas emissões em 5,2%. Espera-se que os Estados Unidos, que se recusaram a ratificar o documento, tenham uma postura diferente, agora sob a gestão Obama.

A PAUTA DA COP EM CINCO EIXOS
Na COP-13 foram estabelecidos cinco blocos de sustentação para a 15ª Conferência das Partes, que representam os pontos cruciais que devem ser discutidos e acordados entre os países. São eles:

1. Visão Compartilhada: Antes de qualquer acordo, é necessário que os países definam que haverá um objetivo global de redução de emissões, deixando claro quais são o aumento de temperatura e, especialmente, a concentração de gases de efeito estufa considerados limites. Esses números estão longe de ser um consenso até agora. Enquanto os países mais vulneráveis desejam metas rigorosas, os países que terão de arcar com a conta do aquecimento global torcem por menos rigidez.

2. Mitigação: A necessidade de cortar emissões de carbono é indiscutível. No entanto, os países em desenvolvimento argumentam que as mudanças climáticas que presenciamos atualmente se devem à concentração do carbono emitido pelos países ricos desde o início da Revolução Industrial e, portanto, apenas eles deveriam assumir metas de redução de emissão. Por outro lado, os países desenvolvidos alegam que os países do BIC (Brasil, Índia e China) vem aumentando suas emissões rapidamente e, em breve, devem superar os primeiros em volume de gases de efeito estufa lançados na atmosfera. Por isso, eles exigem que os países em desenvolvimento também se comprometam a diminuir emissões. Se o "Mapa do Caminho de Bali" for mesmo respeitado, na COP-15, a discussão deve focar mais nos auxílios financeiro e tecnológico dos industrializados destinados aos países em desenvolvimento, para que façam a mitigação sem comprometer sua economia. As regras dos mecanismos de compensação de emissões, créditos de carbono e preservação florestal, como MDL - Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, REDD - Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal e NAMAS - sigla em inglês para Medidas Nacionalmente Apropriadas de Mitigação, devem ser mais bem formatadas.

3. Adaptação: Os países pobres, que ironicamente menos contribuem para o aquecimento global, são os mais vulneráveis às inevitáveis alterações climáticas que já estamos presenciando e veremos se tornar cada vez mais frequentes. Eles necessitarão de recursos financeiros e tecnológicos para incrementarem sua infraestrutura e se protegerem das catástrofes que estão por vir. Atualmente, discute-se a criação de um fundo internacional de adaptação com essa finalidade.

4. Transferência de Tecnologias: Inovações tecnológicas são, cada vez mais, imprescindíveis para que possamos mudar nosso modelo de desenvolvimento para uma economia de baixo carbono, baseada, especialmente, em fontes limpas de energia, aumento da eficiência energética, substituição de combustíveis fósseis e desmatamento-zero. É preciso definir de que maneira o conhecimento tecnológico dos países desenvolvidos será transferido para os demais. Cogita-se, inclusive, a quebra de patentes para facilitar o acesso à tecnologia que pode ajudar a conter o aquecimento global.

5. Apoio Financeiro: Será fundamental que os países ricos destinem recursos financeiros para que os países em desenvolvimento e menos desenvolvidos realizem suas ações de mitigação e adaptação e desenvolvam tecnologias. Atualmente, estima-se que esse montante seja de 150 bilhões de dólares até 2030, distribuídos entre o mecanismo de NAMAS, a preservação florestal e a adaptação. A quantidade não é suficiente, estima-se que seriam necessários pelo menos o dobro de recursos. Para se ter uma ideia, para controlar a crise financeira e evitar a quebra dos bancos, 4 trilhões de dólares foram disponibilizados.

QUEM PARTICIPA E QUAIS SÃO OS RISCOS DESTA COP
Normalmente, as Conferências das Partes acontecem durante duas semanas. Os ministros de cada país costumam chegar só depois da primeira semana e a discussão ganha força - mesmo! - apenas nos últimos dias ou horas. Participam da Conferência, com poder de voto, os Estados Nacionais que são signatários da Convenção e/ou do Protocolo de Kyoto, por meio de suas delegações. Outros países podem participar do encontro como observadores, assim como as ONGs. Os observadores podem se manifestar nas reuniões formais por meio de propostas escritas, que são lidas ao público, mas não têm poder de decisão.

Os chefes de estado não participam, obrigatoriamente, da COP, mas seria desejável que eles comparecessem para dar peso à Convenção. Há uma grande expectativa de que o presidente norteamericano Barack Obama esteja presente, o que faria com que muitos outros também aparecessem por lá. No entanto, corre-se o risco de que, assim como aconteceu em 1997, na definição do Protocolo de Kyoto, esses chefes de Estado se reúnam a portas fechadas e negociem sozinhos, invalidando a Convenção e tornando o processo menos democrático e transparente.

Organizações como a CAN - Climate Action Network, constituída por cerca de 365 ONGs, que se articulam para que os objetivos da Convenção sejam cumpridos, e a campanha internacional Tck Tck Tck estão empenhadas em fazer pressão e evitar que isso aconteça.

Ainda corre-se o risco de a COP-15 terminar sem acordo nenhum ou com propostas bem inferiores ao que seria necessário para controlarmos o aquecimento global, o que seria uma verdadeira tragédia para todos os povos. Infelizmente, muitos especialistas não têm se mostrado esperançosos com Copenhague, já que os países desenvolvidos vêm apresentando números inferiores ao esperado.

Há quem acredite que a mudança em relação às emissões de carbono não virá de uma discussão internacional como essa e, sim, da sociedade civil, dos setores privados, de cidades que se virem ameaçadas pelas alterações do clima. Até dezembro, nos resta apoiar aos diversos movimentos de diferentes setores, que têm encaminhado propostas ao governo para contribuir com as decisões internacionais, cobrar de nossos representantes e torcer.

* COP-15
* CAN - Climate Action Network
* Tck Tck Tck

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Saúde e meio ambiente

Estudos culpam poluição por 24% das doenças

Começou nesta quarta-feira e vai até sábado, em Brasília, a 1ª Conferência Nacional de Saúde Ambiental (CNSA). O momento não poderia ser mais propício. Na segunda-feira, o governo americano anunciou na Conferência do Clima das Nações Unidas (COP 15), em Copenhague, na Dinamarca, que a Agência Ambiental Americana (EPA) classificou os gases do efeito-estufa como gases nocivos à saúde humana.

A decisão é importantíssima, em primeiro lugar porque dá ao governo Obama o reforço necessário para recuperar o atraso nas medidas indispensáveis para reduzir as emissões americanas de gases poluentes. Mas seu impacto ultrapassa a política interna dos Estados Unidos. Ao reconhecer que o padrão de emissões é uma grave questão de saúde pública, além de ser uma questão ambiental global, o país pressiona positivamente os demais a aprofundar o debate.

Nesses dias em que o mundo aguarda com expectativa o que ficará definido após a COP 15, iniciativas desse tipo colaboram para que as negociações andem, na medida em que dão suporte à integração de informação e ação entre governos e sociedade. No caso, é o impulso que faltava para dar o devido peso à interação entre saúde e meio ambiente - ou falta de saúde e degradação ambiental - nas discussões nacionais e internacionais.

Há muito tempo estudos vêm indicando a relação direta entre problemas ambientais e de saúde. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 24% das doenças e 23% das mortes prematuras são fruto de problemas ambientais. E há muito se reconhece o impacto na saúde pública das chamadas doenças de veiculação hídrica, decorrentes da poluição dos cursos d'água, sobretudo pela falta de saneamento básico e mau uso do solo.

É por isso que a CNSA é tão importante. As políticas públicas devem ser construídas de forma coletiva e dirigidas a uma nova realidade socioambiental. O tema deste encontro é "A saúde ambiental na cidade, no campo e na floresta: construindo cidadania, qualidade de vida e territórios sustentáveis". São esperados 959 delegados eleitos nos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal (DF).

Trata-se de uma conseqüência do que vem sendo feito pelos Conselhos Nacionais de Saúde, Cidades e Meio Ambiente e respaldado também em suas respectivas conferências nacionais, para dar seqüência à formulação de diretrizes que deverão orientar a política de saúde e ambiente do governo de uma maneira geral.

A temática geral foi estruturada por meio de três eixos. O primeiro, classificado como "Desenvolvimento e sustentabilidade socioambiental no campo, na cidade e na floresta", com o objetivo de desenhar um pouco a realidade desses territórios. O segundo "Trabalho, ambiente e saúde: desafios dos processos de produção e consumo nos territórios" para avaliar o impacto dos processos produtivos o meio ambiente e a saúde humana. E o último, denominado "Democracia, educação, saúde e ambiente: políticas para a construção de territórios sustentáveis", vai induzir a formulação de propostas para o enfrentamento desses problemas.

Para saber mais sobre o que está sendo discutido na Conferência, consulte o site do evento (www.saude.gov.br/svs/cnsa) e leia o Caderno de Textos.

O quão longe estamos de um acordo significativo?

Se dependesse de Tuvalu, pequeno país ilha, ligado à Aliança de Pequenos Estados Insulares (AOSIS), a 15ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP15) teria um acordo mais justo, não apenas para a sobrevivência das pequenas e mais vulneráveis nações do planeta, mas para todos nós.

A sugestão de que as emissões dos países ricos devem ser cortadas em 45% em 2020, com relação ao ano de 1990, e, que a concentração das emissões de gases do efeito estufa na atmosfera não deve passar de 350 partes por milhão, pode parecer fantasia para muitos líderes das 192 nações reunidas em Copenhague. Mas para outros, a proposta da AOSIS representou a voz de milhares de pessoas evidentemente ameaçadas com os efeitos do aquecimento global.

Fato é que o texto da AOSIS foi apoiado por várias nações africanas e outros países-ilhas, que exigem a aprovação de um documento vinculante, obrigatório para todos os países e mais severo que o Protocolo de Kyoto.

Houve repercussão e, pela primeira vez desde o início da COP15, foi apresentado nesta sexta-feira (11/12) o primeiro desenho de um possível acordo na Conferência Mundial do Clima.

O documento basicamente preserva os compromissos assumidos pelos países que assinaram o Protocolo de Kyoto. É aí que o sonho começa a virar pesadelo. Em primeiro lugar, ainda paira no ar a (incômoda) discordância de muitos países em relação às metas de redução de gases do efeito estufa e as condições para que isso aconteça de fato. Em segundo, e mais importante, os Estados Unidos, maior emissor histórico dos gases de efeito estufa, não se comprometeu com Kyoto. Mais: até o momento, o país nem sequer apresentou suas metas em Copenhague.
As boas intenções do premiado presidente Barack Obama viram um sonoro “não” quando se trata de aceitar outro protocolo como o de Kyoto ou homologar o atual. As alternativas para reverter o impasse são difíceis.

A primeira - convocar para o primeiro semestre de 2010 uma prorrogação desta reunião (a COP15) -, na prática, seria quase impossível por coincidir com a Copa do Mundo de Futebol, que será realizada entre junho e julho do ano que vem, na África do Sul, um país importante no grupo dos “emergentes”. A segunda, deixar tudo para a COP16, em dezembro de 2010, no México, certamente provocaria uma enorme decepção, dada a urgência das questões e as pressões crescentes da sociedade em toda parte.

Parece que não há nada melhor do que esperar (e torcer). Inevitável, contudo, lembrar que ainda há poucos dias a Organização Meteorológica Mundial advertiu que esta primeira década do século XXI está sendo e será a mais quente desde 1850, com temperatura média superior à da década de 1990 (que já fora mais quente que a de 1980).

Há uma corrida contra o tempo, que não está sendo ganha.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Esboço cita corte de 15% a 30% de CO2 para país em desenvolvimento

Texto ressalva que plano de ação é condicionado à ajuda dos países ricos. Desvio substancial das emissões deve ser obtido até 2020.

O primeiro rascunho oficial de acordo a ser fechado pelas 193 nações representadas na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP 15 , diz que os países em desenvolvimento devem tomar ações de mitigação apoiadas pelos países ricos para atingir uma redução "substancial" das emissões - entre 15% e 30% até 2020 em relação ao que emitiriam se nada fosse feito. Mas o texto reconhece que a redução nestes países "depende do nível de apoio disponível".

Caso esse dispositivo sobreviva aos debates e polêmicas e seja finalmente aprovado na conclusão da Conferência de Copenhague, o "compromisso voluntário" do Brasil vai se confirmar de fato ambicioso.

A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, anunciou no dia 13 de novembro que o Brasil se compromete voluntariamente a reduzir as emissões nacionais de gases causadores do efeito estufa em 36,1% a 38,9% até 2020 em relação ao que poluiria se nada fosse feito. (Calculada a tendência de emissão de dióxido de carbono e outros similares na próxima década, o Brasil vai tentar contê-la, adotando ações para que o tamanho do estrago ambiental fique menor do que seria se o governo não fizesse nada.)

Compromisso mínimo do Brasil (36,1%) é superior ao máximo inscrito no esboço (30%)
O rascunho segue as recomendações publicadas há dois anos pelo Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC, na sigla em inglês) e insiste em que os países industrializados cortem suas emissões de gases causadores do efeito estufa em 25% a 40% até 2020, na comparação com 1990. Até 2050, a meta seria cortar as emissões em 50%.

O objetivo dos cortes é conter a alta da temperatura neste século em até 2°C. Em um gesto para agradar aos pequenos países-ilha, para os quais até mesmo esse teto já seria perigoso demais, o texto, diplomaticamente, afirma que é preciso limitar o aumento da temperatura entre "1,5°C e 2°C".

O financiamento das ações contra emissões nos países pobres é um dos pontos mais polêmicos da COP 15.

O texto explicita que a principal fonte de financiamento devem ser "recursos novos e adicionais oferecidos pelos países desenvolvidos", mas não cita valores.

Está previsto ainda no rascunho a criação de um mecanismo para transferência de tecnologias de redução de emissões e adaptação às mudanças climáticas entre os países.

O texto inclui o que foi negociado até o momento para posteriores trabalhos dos países participantes, disse na véspera o negociador-chefe do Brasil, embaixador Luiz Alberto Figueiredo.

Segundo ele, o objetivo é que seja "um texto que possa contar com o máximo possível de equilíbrio, de modo que as partes se sintam representadas e confortáveis em trabalhar sobre ele".



Criado fundo de mudança climática na COP-15

Fundo vai financiar ações de longo prazo, sob autoridade da Conferência das Partes (COP) e não do Banco Mundial.



O documento final ainda não
saiu, mas eu soube de um avanço na mesa de negociações. Foi criado um fundo de mudança climática, para financiar ações de longo prazo, sob autoridade da Conferência das Partes (COP) e não do Banco Mundial, como se pensou inicialmente.

É um avanço importante que os participantes tenham aceitado que seja um fundo de ações de longo prazo. Os países ricos vinham tentando evitar isso. O fundo terá várias janelas. Uma vai financiar ações de mitigação, ou seja, de combate às mudanças climáticas. Isso nos interessa porque aí estão as ações de proteção da floresta.

Depois, há uma janela para adaptação. Isso interessa mais os pobres. Tem também uma janela para tecnologia. Tudo ainda está complicado. Os pontos estão sendo negociados. Um ponto delicado são as metas.

Foi criado o fundo, mas os dois pontos mais importantes não estão decididos ainda: quanto dinheiro haverá no fundo e quem vai colocar dinheiro nesse fundo. Há duas opções em discussão: que só os países ricos coloquem dinheiro no fundo e que os países emergentes, principalmente a China, também contribuam.

A situação está tão complexa que o secretário-geral da Conferência, Yvo de Boer, deu uma entrevista ao jornal "O Globo", dizendo que podem sair dois documentos de Copenhague: um com a prorrogação do Protocolo de Kyoto e outro colocando os Estados Unidos na meta.

Brasil pode ser o mais afetado com o aquecimento global


O Brasil deve sofrer mais com o aquecimento global que o restante do mundo. De acordo com estudo realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, em parceria com Met Office Hadley Centre, da Grã-Bretanha, o país deve ser afetado 20% a mais que a média global, principalmente, quanto aos níveis de pluviabilidade.

Tais problemas incluem prejuízos econômicos que poderiam ser desastrosos, já que a produção de energia elétrica seria bastante afetada com a redução do volume de chuvas, no qual 70% da energia é gerado por hidrelétricas.

O clima também pode ficar mais quente e seco, devido ao risco de mais desmatamento. As projeções são de para 2°C a mais de temperatura podem causar a bacia amazônica perda 12% do volume de chuvas e a de São Francisco uma redução de 15%.

Emissões devem ser reduzidas à metade até 2050


O esboço da declaração final da Conferência do clima de Copenhague foi divulgado nesta sexta-feira, 11. De acordo com o texto, as emissões de gases do efeito estufa deverão ser reduzidas à metade até 2050. Os números se baseiam nos níveis de emissão em 1990.

Já os números de emissões globais que devem cair ainda não foram definidos, porém os índices de queima de combustíveis fósseis podem reduzir 50%, 85% e até 95%, conforme o esboço. Há também a sugestão de que até 2020 se estabeleça uma redução intermediária de até 45%.

Mas países em denvolvimento, como o Brasil, não concordaram com os índices e alegaram prejuízo no crescimento econômico. A cúpula promovida pela ONU se encerra na sexta-feira, 18.

Reprodução da vida marinha diminui 25% no planeta

O alerta vem de Copenhague. A culpa é do gás carbônico liberado na atmosfera, dizem os cientistas no encontro sobre o clima.

assista a reportagem:



ou leia, se preferir:

De novo a culpa é dos
combustíveis fósseis, que quando queimados liberam gás carbônico ou dióxido de carbono. Parte desses gases vai para a atmosfera, provocando o efeito estufa.

Outra parte precipita, cai nos mares, e deixa a água mais ácida. Cerca de 30% mais do que antes da Revolução Industrial.

Essa acidez interfere com o sistema natural de navegação das baleias e golfinhos. Eles usam o som para se localizar, e o som ele viaja mais rápido e mais longe em águas ácidas.

Além disso, afeta toda a vida marinha, porque prejudica fortemente a produção de plânctons, organismos muito pequenos que estão na base da alimentação nos mares.

Algas e pequenos crustáceos podem não resistir, e como elas alimentam as espécies que servem de alimento para nós, humanos, como as sardinhas e o salmão, essas espécies correm risco de extinção.

Para garantir que esse alerta não vai ficar confinado nas paredes do centro de convenções de Copenhague, os cientistas mandaram imprimir 32 mil cópias do relatório, que serão distribuídas a governantes e legisladores no mundo inteiro.

Os primeiros a receber serão os senadores americanos, que ainda não aprovaram um projeto com metas de redução dos gases.


quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Emergentes pedem que ricos assinem lei de emissões


Os principais países emergentes do mundo querem que seja anexado ao Protocolo de Kyoto uma emenda “com força de lei”. A China lidera o grupo que pede que os países desenvolvidos reduzam 40% das emissões de gases causadores do efeito estufa, com base nos índices de 1990.

As informações foram retiradas de um documento ao qual a agência “France Presse” teve acesso. O rascunho foi finalizado em 30 de novembro em um encontro fechado em Pequim que reuniu China, Brasil, Índia e África do Sul. Esta é uma resposta dos países em desenvolvimento a outro acordo apresentado pela Dinamarca.

A meta proposta pelo grupo é não deixar que as temperaturas globais não aumentem mais de 2ºC até 2100. A base para o documento são as temperaturas registradas antes da Era Industrial. Os países desenvolvidos concordam com a meta pedida. No entanto, o grupo pede que os países ricos multipliquem por oito, até 2020, a promessa de reduzir as emissões de CO2 em 5% até 2012.

Alemanha ativa supercomputador para estudar mudança climática


'Blizzard' tem a missão de calcular futuras alterações e catástrofes no clima.

É o maior supercomputador destinado à pesquisa climática.

O Centro Alemão de Cálculo Climático (DKRZ, na sigla em alemão) colocou nesta quinta-feira (10) em funcionamento o supercomputador "Blizzard" (Nevasca), cuja missão será calcular futuras mudanças climáticas e, inclusive, prever todo tipo de fenômenos catastróficos, como furacões ou tornados.

Com um peso de 35 toneladas, o "Blizzard" utiliza em seu trabalho 8.448 microprocessadores, com os quais alcança uma velocidade de 158 teraflops por segundo, o que faz com que seja 60 vezes mais rápido que seu antecessor, e 20 mil vezes mais rápido que um computador convencional.

O arquivo do supercomputador, o maior do mundo para armazenamento de dados climáticos, pode armazenar mais de 60 petabytes, o que equivale a cerca de 13 milhões de DVDs.

Um total de 56 braços robotizados são encarregados de buscar as informações armazenadas em 65 mil contas magnéticas com os dados arquivados pelo "Blizzard", que tem cerca de 50 quilômetros de cabo unindo seus componentes.

Além das mudanças na atmosfera e os oceanos, o "Blizzard" calcula também processos no gelo, na terra e nas vegetações, assim como sua influência no efeito estufa.

O computador teve um custo de 35 milhões de euros, fornecidos pelo Ministério de Investigação e Ciência, enquanto a modernização do edifício que o abriga custou 26 milhões de euros à cidade de Hamburgo.

A metade do tempo de trabalho do computador é dedicada às pesquisas do próprio DKRZ, enquanto a outra metade é utilizada por cerca de 100 de grupos de trabalho científico da Alemanha.

O instituto de Hamburgo reconheceu que o "Blizzard" tem grande consumo de energia, mas ressaltou que toda ela tem origem renovável.

Metade das emissões de gases-estufa do Brasil vem da pecuária, diz estudo

Pegada de carbono’ da carne bovina foi calculada pela 1ª vez,
CO2 emitido por kg custa mais que a própria carne.

A pecuária emite metade dos gases causadores do efeito estufa liberados pelo Brasil a cada ano.

Além disso, implantação de novas pastagens abocanha três quartos da área desmatada na Amazônia e 56,5% no Cerrado.

Os principais dados da pesquisa, cuja íntegra ainda será publicada em revista científica internacional, foram divulgados nesta quinta-feira (10) e serão apresentados em duas reuniões sábado (12) na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, a COP 15 . Os autores (ao todo, dez especialistas) ressaltam que suas conclusões “não representam necessariamente” a posição das instituições em que atuam.

O levantamento verificou que em 2005 a emissão de gases-estufa (GEE) da pecuária representou 48% do total brasileiro. A atividade emitiu 1,055 bilhão de toneladas de GEE sobre 2,203 bilhões do total nacional, número do tão esperado inventário brasileiro de emissões, divulgado só recentemente pelo Ministério da Ciência e Tecnologia .

Clique aqui para baixar o inventário em pdf.

Ocorre que no inventário oficial as emissões são divididas por grandes grupos, como energia, processos industriais, mudança no uso da terra e florestas etc. “A diferença desse estudo em relação às abordagens estatísticas tradicionais é que elas dividem as emissões por categorias, e nossa abordagem é pela cadeia de um produto específico”. “Então ela é transversal, porque envolve uso da terra e fermentação entérica (basicamente, arroto de boi e vaca), por exemplo, processos que estão separados no inventário.”

Assim, é a primeira vez que a chamada “pegada de carbono” de um produto específico, no caso a carne bovina, é calculado. Pegada de carbono é a quantidade de gás-estufa liberada direta ou indiretamente por uma certa atividade. O interessante desses dados é que eles podem começar a traduzir toda a situação para o consumidor.

Essa é a diferença de ter números sobre categorias e números sobre produtos: 1 quilo de carne industrializada significa 300 quilos de gás-estufa emitido, e esses 300 kg custam R$ 10 no mercado de carbono. É mais do que o custo da própria carne por quilo no atacado (o kg do dianteiro custa R$ 3,60; do traseiro, R$ 5,90)”, disse o especialista.

Ou seja: Frigorífico pode fazer mais dinheiro vendendo redução de carbono do que vendendo a própria carne.

Metade das emissões de gases-estufa do Brasil vem da pecuária, diz estudo

‘Pegada de carbono’ da carne bovina foi calculada pela 1ª vez.
CO2 emitido por kg custa mais que a própria carne, comenta pesquisador.

  • Aspas

    Frigorífico pode fazer mais dinheiro vendendo redução de carbono do que vendendo a própria carne"

A pecuária emite metade dos gases causadores do efeito estufa liberados pelo Brasil a cada ano.

Além disso, implantação de novas pastagens abocanha três quartos da área desmatada na Amazônia e 56,5% no Cerrado.

Resultado de cinco meses de trabalho, os números, inéditos, são de estudo coordenado por Mercedes Bustamante, da Universidade de Brasília (UnB), Carlos Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e Roberto Smeraldi, da ONG Amigos da Terra – Amazônia Brasileira.

Os principais dados da pesquisa, cuja íntegra ainda será publicada em revista científica internacional, foram divulgados nesta quinta-feira (10) e serão apresentados em duas reuniões sábado (12) na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, a COP 15 . Os autores (ao todo, dez especialistas) ressaltam que suas conclusões “não representam necessariamente” a posição das instituições em que atuam.

Foto: AFP/Antonio Scorza 28-11-2009

O levantamento verificou que em 2005 a emissão de gases-estufa (GEE) da pecuária representou 48% do total brasileiro. A atividade emitiu 1,055 bilhão de toneladas de GEE sobre 2,203 bilhões do total nacional, número do tão esperado inventário brasileiro de emissões, divulgado só recentemente pelo Ministério da Ciência e Tecnologia .

Clique aqui para baixar o inventário em pdf.

Ocorre que no inventário oficial as emissões são divididas por grandes grupos, como energia, processos industriais, mudança no uso da terra e florestas etc. “A diferença desse estudo em relação às abordagens estatísticas tradicionais é que elas dividem as emissões por categorias, e nossa abordagem é pela cadeia de um produto específico”, explicou Smeraldi ao G1. “Então ela é transversal, porque envolve uso da terra e fermentação entérica (basicamente, arroto de boi e vaca), por exemplo, processos que estão separados no inventário.”

  • Aspas

    1 quilo de carne industrializada significa 300 quilos de gás-estufa emitido, e esses 300 kg custam R$ 10 no mercado de carbono"

Assim, é a primeira vez que a chamada “pegada de carbono” de um produto específico, no caso a carne bovina, é calculado. Pegada de carbono é a quantidade de gás-estufa liberada direta ou indiretamente por uma certa atividade. “O interessante desses dados é que eles podem começar a traduzir toda a situação para o consumidor, a dona de casa, o investidor”, comentou Smeraldi, que viaja hoje para Copenhague.

“Essa é a diferença de ter números sobre categorias e números sobre produtos: 1 quilo de carne industrializada significa 300 quilos de gás-estufa emitido, e esses 300 kg custam R$ 10 no mercado de carbono. É mais do que o custo da própria carne por quilo no atacado (o kg do dianteiro custa R$ 3,60; do traseiro, R$ 5,90)”, disse o especialista.

Surge a proposta por um ‘fundo verde’


Seriam bilhões de dólares para ajudar os países pobres a combater as alterações climáticas.

A proposta foi apresentada na conferência do clima, em Copenhague, em um documento conjunto assinado por Grã-Bretanha, Austrália, México e Noruega, no qual se diz que “o financiamento terá de ser ampliado significativa e urgentemente, começando rápido e aumentando com o tempo”.

De acordo com a proposta, pelo menos metade do dinheiro arrecadado seria usado para ajudar aos países em desenvolvimento a lidar com secas, enchentes e o aumento do nível do mar. A ONU estima que, no longo prazo, o custo anual do combate ao aquecimento global pode chegar a US$ 300 bilhões.

Palin e Gore em polêmica sobre aquecimento


O ex-vice-presidente e ganhador do prêmio Nobel da Paz, Al Gore, criticou o pedido da ex-governadora do Alasca, Sarah Palin, para que Barack Obama boicotasse a conferência sobre o clima em Copenhague. Palin afirmou que cientistas manipularam dados para provar que o aquecimento global é causado pelo homem.

A ex-governadora se referiu ao caso do vazamento de emails em que cientistas discutiam métodos para manipular os índices de temperatura, no escândalo que ficou conhecido como Climategate. Gore afirmou que o aquecimento global é um fenômeno estudado há 20 anos, e é “como a gravidade. Existe.”

O vazamento dos emails criou uma controvérsia internacional sobre o tema do aquecimento. Rajendra Pachauri, presidente do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, afirmou que as questões levantadas pelo vazamento dos emails são sérias e serão investigadas.

Câmara aprova projeto que torna lei meta de redução de gases do efeito estufa


Decreto presidencial vai definir ações para alcançar objetivo de redução.
Política Nacional sobre Mudança do Clima prevê meta de até 38,9%.

A Câmara dos Deputados aprovou na madrugada desta quinta-feira (10) a Política Nacional sobre Mudança do Clima. Foi aprovada uma emenda do Senado que define em lei a meta de redução de gases do efeito estufa estabelecida pelo governo federal entre 36,1% e 38,9% até 2020, tendo como base as emissões que seriam feitas até lá.

Caberá ao presidente da República, por meio de decreto, apontar ações que serão realizadas para cumprir o compromisso de reduzir as emissões. Este percentual deverá ser apresentado pelo Brasil na Conferência sobre o Clima que acontece em Copenhague, na Dinamarca, nesta semana.

O texto aprovado pelo Congresso afirma que a meta é um compromisso voluntário e que as ações para se alcançar o percentual almejado terão que atender o Inventário Brasileiro de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa não Controlados pelo Protocolo de Montreal, a ser concluído em 2010.

Nesta terça-feira (8), o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, afirmou que o Brasil vai manter a meta anunciada para o encontro de Copenhague, mas que exigirá financiamento dos países desenvolvidos para cumpri-la.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Confira as emissões e propostas de corte de CO2 de um grupo de países

Histórico de liberação de gás-estufa é do World Resources Institute.
Metas de redução podem ser projetos de lei ou meros anúncios.

Veja mais aqui:


Mudanças climáticas afetam o mapa do planeta

Cientistas usam supercomputador para calcular impactos do aquecimento.
Simulação aponta mudanças no planeta com 3°C a mais.

Assista a reportagem abaixo:


Ou se preferir
, leia:

O topo de uma palmeira é a lembrança de que ali havia terra firme. A ilha de Ghoramara, na Índia, já perdeu metade do território e pode, em breve, sumir da face da Terra. Sete mil habitantes foram embora e outros estão preparando a partida.

No Japão, a ameaça também vem do mar: há sete anos, águas vivas gigantes, de até dois metros de comprimento, infestam algumas regiões litorâneas, prejudicam a pesca e provocam queimaduras nos pescadores. Elas existiam somente na China, mas migraram para o local e se proliferaram.

Um professor da universidade de Hiroshima diz que há várias causas. Entre elas, a elevação da temperatura da água causada pelo aquecimento global.

Na China, os sinais estão no alto das montanhas. As geleiras do Tibete diminuem 20 metros a cada ano desde 1990.

O Japão tem alguns dos centros de previsão e pesquisas climáticas mais avançados do mundo e está usando a tecnologia para descobrir o que vai acontecer com o planeta nos próximos anos. Um globo no museu de ciências de Tóquio mostra o aquecimento da terra até o ano 2100. É uma visão do futuro, um futuro nada animador.

Os cientistas japoneses estão usando um supercomputador, que ocupa um andar inteiro de um prédio, para calcular os efeitos do aquecimento global.

Com isso, eles simulam o que vai mudar em cada ponto do planeta com o possível aumento de 3ºC na temperatura até o fim do século.

Uma das conclusões: o número de tufões na Ásia e de furacões na América do Norte vai cair de 80 por ano, em média, para 66. Em compensação, a força do vento no epicentro vai aumentar em até 20% e as chuvas em até 60%.

Rota
Akio Kitoh, diretor do departamento de pesquisas sobre o clima do Instituto de Pesquisas Meteorológicas, diz que eles também vão mudar de rota. Esse é o próximo passo da pesquisa: descobrir onde os tufões e furacões, mais violentos que os de hoje, vão passar.

Os cientistas japoneses também fizeram previsões para o Brasil. No Nordeste, os dias consecutivos de seca que, segundo ele, hoje são 100 por ano, em média, podem chegar a 130 em algumas áreas. No Centro-Sul do país, as chuvas que castigam a região no verão vão aumentar de intensidade.

O professor diz que parte do aquecimento é inevitável, é um ciclo do planeta, que foi acelerado pela ação do homem. E que, por isso os países têm que se preparar.

“Mas, se queremos diminuir esses efeitos, temos que fazer a nossa parte”, conclui ele.

Bolívia cobra ‘dívida ecológica’ em Copenhague


Evo Morales quer que ricos paguem aos mais pobres pelo excesso de poluição em vez de lhes cobrar a dívida externa.

O presidente boliviano disse que levará a ideia à reunião da ONU sobre mudanças climáticas. Morales considera que os países pobres são os que mais têm sofrido com inundações, descongelamentos e outras consequências do aquecimento global.

Muitos países sul-americanos têm grandes dívidas externas, tanto com nações desenvolvidas quanto com organismos multilaterais. Evo Morales, que culpa as “nações capitalistas” pelo aquecimento global, garante que sua proposta é séria.

Documento vazado provoca caos em negociações


Um documento vazado na última terça-feira, 8, criou caos nas negociações sobre aquecimento global que acontecem desde o início da semana em Copenhague. Conhecido como “texto dinamarquês”, o documento seria um acordo criado por países ricos para tirar a Organização das Nações Unidas (ONU) da negociação e colocar limites sobre as emissões dos países em desenvolvimento.

Supostamente criado pela Dinamarca, Estados Unidos e Reino Unido, o texto dinamarquês não se aproxima da meta de 40% de redução inicialmente proposta pela ONU, mas prevê medidas para ajudar os países pobres com US$ 10 bilhões ao ano de 2012 a 2015.

O texto muda o princípio do Tratado de Kyoto, que responsabilizava países desenvolvidos pelo aquecimento e isentava as nações em desenvolvimento de limites nas emissões de CO2. De acordo com o documento, o Tratado de Kyoto seria abandonado, o Banco Mundial cuidaria das verbas para mudança de clima e países pobres teriam que realizar diversas ações para receber dinheiro para lidar com a mudança climática.

Segundo um diplomata, o documento “é muito perigoso para países em desenvolvimento”. Eles teriam que limitar, até 2050, suas emissões para 1,44 toneladas de CO2 por pessoa, enquanto os países desenvolvidos teriam direito a 2,67 toneladas. A intenção, segundo o diplomata, seria com a chegada de Obama e outros chefes de estado na próxima semana forçar a aceitação do texto dinamarquês sem discussões.

Aquecimento Global se acelera desde 1970


De acordo com uma pesquisa meteorológica cujos dados foram divulgados nesta terça-feira, 8, a temperatura global tem subido desde 1850 e o aquecimento se acelera desde 1970.

Os resultados foram coletados em 1.500 estações meteorológicas que monitoram o clima de todo o mundo. Os dados demonstram que a cada década desde 1970 o aquecimento se acentua.

Hadley Centre, do escritório do Reino Unido, diz ter publicado a informação para evidenciar que o mundo está relamente se aquecendo.

Os registros de cerca de 5 mil estações devem ser divulgados tão logo sejam aprovados pelos proprietários.

Fundo Amazônia aprova os três primeiros projetos na véspera de Coppenhague


O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou durante reunião do Comitê Orientador do Fundo Amazônia (Cofa), nesta quinta-feira (3/12), em Belém (PA), a aprovação dos três primeiros projetos que receberão recursos do Fundo Amazônia. Na próxima semana, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, e o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, anunciam outros três projetos agraciados.

Um dos projetos é uma proposta coordenada pela ONG Imazon, em associação com outras ONGs, que receberá R$ 12 milhões para diversos municípios do Pará. O projeto, chamado Municípios Verdes, promoverá o monitoramento, o cadastramento ambiental rural das propriedades, a adequação ambiental das atividades rurais e madeireira, entre outras ações.

Outro projeto é coordenado pela ONG The Nature Conservancy (TNC) e receberá R$ 16 milhões. Em parceira com outras instituições ambientais, serão desenvolvidas ações como recuperação de áreas degradadas, zoneamento ecológico-econômico, entre outras ações que promovam as práticas ambientais em municípios de Mato Grosso, inclusive os situados no Arco do Desmatamento.

O terceiro projeto será coordenado pela Fundação Amazonas Sustentável, do governo do Estado do Amazonas, e receberá R$ 20 milhões. O recurso recebido será revertido em pagamento por serviços ambientais às comunidades extrativistas, seringueiros e quilombolas para a recomposição de áreas ambientais degradadas, melhoria das reservas extrativistas, dentre outras atividades que promovam a conservação ambiental.

O Fundo Amazônia é gerido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e conta com R$ 150 milhões em carteira para mais projetos que serão aprovados em janeiro e fevereiro de 2010 do total de 1 bilhão de dólares que serão aportados até 2015 pela Noruega. O Comitê Orientador do Fundo Amazônia é baseado em Belém, Pará, e reúne representantes dos governos estaduais da Amazônia Legal, do governo federal e de organizações da sociedade civil. O Fundo Amazônia ja tem um estande na COP-15 em Copenhague que começou dia 7.

Para o Ano de 2010, escolha algumas das ações abaixo e faça-a com determinação

Você dará sua contribuição para que a Terra continue sendo um lugar muito bom para se morar.

  • Calibrar os pneus (25.0 kg/mês)
  • Desligar o computador ( 3.12 kg/mês)
  • Economizar papel ( 8.0 kg/mês)
  • Lembrar de apagar as luzes ( 8.0 kg/mês)
  • Optar pelo transporte coletivo ( 19.4 kg/ mês)
  • Plantar uma árvore ( 6.33/kg mês)
  • Reciclar ( 9.6 kg/mês)
  • Regular o motor do carro ( 25.0 kg/mês).
  • Usar canecas em vez de copos plásticos ( 0.71 kg/mês)
  • Usar lâmpadas fluorescentes ( 12.48 kg/mês)
  • Usar o varal para secar roupas ( 10.92 kg/mês)
  • Usar um pouco menos o ar condicionado ( 10.4 kg/mês)

** o número de quilogramas indicado após cada Ação representa o quanto de gás CO2 deixa de ser emitido ao praticá-la.

Computadores descartados pela Europa envenenam crianças na África


Os cidadãos do Ocidente jogam fora milhões de computadores velhos todos os anos. Centenas de milhares deles acabam na África, onde as crianças procuram ganhar a vida vendendo peças velhas das máquinas. Mas os elementos tóxicos presentes no lixo as estão envenenando lentamente.

Segundo a Bíblia, Deus lançou uma chuva de fogo e enxofre para destruir as cidades de Sodoma e Gomorra. E as autoridades governamentais de Accra, em Gana, também passaram a chamar de "Sodoma e Gomorra" uma parte da cidade afetada por produtos tóxicos de um tipo que os moradores das cidades bíblicas jamais poderiam imaginar. Ninguém vai a esse local, a menos que isso seja absolutamente necessário.

Uma fumaça ácida e negra passa sobre os barracos da favela. As águas do rio também são pretas e viscosas como óleo usado. Elas carregam gabinetes de computador vazios para o oceano. Nas margens do rio veem-se fogueiras alimentadas por isopor e pedaços de plástico. As chamas consomem o material plástico de cabos, conectores e placas-mãe, deixando intactos apenas o metal.

Hoje há um vento que faz com que a fumaça dessas fogueiras infernais passem lentamente por sobre a terra. Respirar muito profundamente é doloroso para os pulmões, e as pessoas que alimentam as fogueiras às vezes dão a impressão de serem apenas silhuetas vagas e enevoadas.

Uma figura pequena e curvada caminha entre as fogueiras. Com uma mão, o garoto arrasta um alto-falante velho pela terra e as cinzas, puxando-o por um fio. Com a outra mão ele segura firmemente uma bolsa.

O alto-falante e a bolsa são as únicas posses do garoto, além da camiseta e as calças que ele usa. Ele tem um nome incomum: Bismarck. O garoto tem 14 anos, mas é pequeno para a idade. Bismarck vasculha a terra em busca de qualquer coisa que os garotos mais velhos possam ter deixado para trás após queimarem uma pilha de computadores. Podem ser pedaços de cabo de cobre, o motor de um disco rígido, ou peças velhas de alumínio. Os ímãs do seu alto-falante também capturam parafusos ou conectores de aço.

Bismarck joga tudo o que encontra dentro da bolsa. Quando a bolsa estiver cheia até a metade, ele poderá vender o metal e comprar um pouco de arroz, e talvez também um tomate, ou até mesmo uma coxa de galinha grelhada em uma fogueira acesa dentro do aro de um carro velho. Mas o garoto diz que hoje ainda não encontrou o suficiente. Ele desaparece novamente na fumaça.

O refugo da era da internet

Esta área próxima a Sodoma e Gomorra é o destino final dos computadores velhos e outros produtos eletrônicos descartados de todo o mundo. Há muitos lugares como este, não só em Gana, mas também em países como Nigéria, Vietnã, Índia, China e Filipinas. Bismarck é apenas um de talvez uma centena de crianças daqui, e de milhares do mundo inteiro.

Essas crianças vivem em meio ao refugo da era da internet, e muitas delas podem morrer por causa disso. Elas desmancham computadores, quebrando telas com pedras, e a seguir jogam as peças eletrônicas internas em fogueiras. Computadores contêm grandes quantidades de metais pesados e, à medida que o plástico é queimado, as crianças inalam também fumaça carcerígena . Os computadores dos ricos estão envenenando os filhos dos pobres.

A Organização das Nações Unidas (ONU) calcula que até 50 milhões de toneladas de lixo eletrônico são jogadas anualmente no lixo em todo o mundo. O custo para se reciclar apropriadamente um velho monitor CRT na Alemanha é de 3,50 euros (US$ 5,30 ou R$ 9,20). Mas o envio do mesmo monitor para Gana em um contêiner de navio custa apenas 1,50 euro (R$ 3,80).

Um tratado internacional, a Convenção de Basileia, entrou em vigor em 1989. O tratado baseia-se em um conceito justo, proibindo os países desenvolvidos de enviarem computadores que foram para o lixo aos países subdesenvolvidos. Até o momento 172 países assinaram a convenção, mas três deles ainda não a ratificaram: Haiti, Afeganistão e Estados Unidos. Segundo estimativas da Agência de Proteção Ambiental norte-americana, cerca de 40 milhões de computadores são descartados todos os anos somente nos Estados Unidos.

Diretrizes da União Europeia com acrônimos como WEEE (sigla em inglês de Lixo de Equipamentos Elétricos e Eletrônicos) e RoHS (Restrição a Substâncias Perigosas) seguiram-se à Convenção de Basileia, e países individuais transformaram-na em lei. As leis relativas à administração de lixo na Alemanha estão entre as mais estritas do mundo, e neste país o envio de computadores descartados a Gana pode dar cadeia. Em tese.

Contra-atacando


Mike Anane, um ativista ambiental e coordenador local da organização internacional de direitos humanos FIAN, trouxe os membros do Greenpeace para cá. Anane nasceu aqui há 46 anos, bem ao lado de onde hoje em dia se situa Agbogbloshie. Naquela época, as margens dos rio eram repletas de prados verdes e de flamingos, e os pescadores tiravam o seu sustento do rio. Agora não existe vida nessas águas.

Oito anos atrás, Anane começou a perceber a chegada de uma quantidade cada vez maior de caminhões em Agbogbloshie, com as carrocerias repletas de computadores. Ele observou a situação de perto e passou a contra-atacar aquilo que viu. Anane coleta adesivos de procedência de vários computadores descartados para descobrir de quem são os venenos queimados aqui. Ele possui adesivos do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, de autoridades britânicas e de companhias como o Banco Barclays e a British Telecom. "Algumas crianças daqui não chegarão aos 25 anos de idade", acredita Anane.

Ele sabe, porém, que as companhias e organizações cujos selos chegam aqui juntamente com os equipamentos descartados não são os agentes que de fato trazem esse lixo para o seu país. As pessoas diretamente envolvidas são comerciantes como Michael Ninicyi, diretor da Kofi Enterprise.

A Kofi Enterprise é uma pequena loja repleta de computadores. Os melhores produtos são velhas máquinas Pentium vendidas por US$ 90 (R$ 156), incluindo um leitor de DVD. Impressoras e copiadoras são exibidas sob uma cobertura amarela na frente da loja - todas as máquinas são provenientes da Alemanha, segundo Ninicyi. Um exemplar do jornal "Berliner Morgenpost", usado para proteção contra arranhões, encontra-se dobrado entre dois computadores. Algumas das máquinas ainda trazem os adesivos de companhias cujas sedes ficam, por exemplo, na pequena cidade alemã de Kleve, no Estado de Brandenburgo ou no de Rhineland. Todos esses produtos funcionam e são legais.

"Por que vocês não interrompem o fluxo de lixo?"


"Esse processo está cada vez mais rápido, e nós estamos sendo esmagados", queixa-se John Pwamang, diretor do Centro de Gerenciamento e Controle de Produtos Químicos da Agência de Proteção Ambiental de Gana. A agência está localizada em um prédio de concreto em péssimas condições. A caminho do escritório de Pwamang, os visitantes precisam subir primeiro uma escada que no passado deve ter sido verde, e a seguir passar por um banheiro com defeito e uma sala de conferência de cortinas marrons esfarrapadas. Na sala há três depósitos de lixo - um marrom, para papel, um cinza, para plástico, e um outro marrom para tudo mais. Entretanto, o país não conta com um sistema de reciclagem de lixo em funcionamento. Ao que parece a agência de Pwamang ainda tem alguns problemas pela frente.

Os olhos de Pwamang são pouco visíveis por trás das grossas lentes bifocais. Ele fala suavemente, o que o ajuda a parecer mais tranquilo do que realmente é. "Vocês europeus não mudam", reclama ele. "O que deveríamos fazer com os produtos tóxicos que vocês nos mandam? Não temos como reciclá-los. Vocês possuem as instalações para isso. Computadores que funcionam não são nenhum problema, mas muitas das máquinas velhas demais não duram nem um ano aqui. Por que vocês não interrompem o fluxo de lixo?".

Pwamang não tem como provar que o chumbo e as dioxinas estão matando as crianças. Quase ninguém com mais de 25 anos trabalha nas fogueiras às margens do rio de águas pretas. E não existe estudo algum sobre o problema. O Greenpeace identificou e quantificou as toxinas, mas a organização não examinou os efeitos diretos delas. "As crianças estão doentes", afirma Pwamang. "Temos aqui metais pesados e venenos. Um estudo seria bom, mas mesmo sem nenhum estudo eu sei que a situação é desastrosa."

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Eliminar outros gases pode ser a saída


Acordos para redução na emissão de gases que provocam o aquecimento global poderiam dar mais certo se especificassem o gás a ser combatido. O acordo de Montreal, criado para eliminar metade dos gases causadores do buraco na camada de ozônio em 12 anos, foi muito bem sucedido. Reduziu em uma década para zero a emissão desse tipo de gás. Foi o equivalente a eliminar 189 bilhões de toneladas de CO2.

Enquanto isso, o protocolo de Kyoto eliminou aproximadamente 10 bilhões de toneladas. O CO2 é causador de apenas metade do aquecimento global. Eliminar outros gases pode ser mais fácil e eficiente.

O gás metano é majoritariamente produzido por animais e é responsável por 10% do aquecimento global feito pelo homem. O gás conhecido como carbono negro é o maior responsável pelo degelo no Ártico. Como fica pouco tempo na atmosfera, caso sua emissão fosse eliminada, os efeitos seriam imediatos.

UE pressiona Estados Unidos e China


A União Europeia (UE) deu sinais de que pretende recuar de sua proposta de redução de 30% da emissão de CO2. A proposta de redução feita pelos Estados Unidos e a China, que emitem 40% dos gases, não teria sido o bastante para incentivar os 27 países que formam o bloco.

De acordo com especialistas, a UE estaria ameaçando recuar de sua proposta para forçar a China e os Estados Unidos a se comprometerem com metas mais radicais de redução.

A proposta dos Estados Unidos de reduzir suas emissões em 17% em níveis de 2005, algo como 3% em níveis de 1990, colocaria as empresas europeias em desvantagem, já que elas devem reduzir sua emissão em 20% em níveis de 1990.

Quem está disposto a pagar para deter o aquecimento

Cientistas estimam que para conter o aquecimento global seria necessária uma diminuição de 25% a 40% nas emissões de CO2. No momento, o número oferecido pelos países é de 15%, sendo que os Estados Unidos eferecem apenas 4%. O preço a se pagar para evitar o aquecimento fica em aproximadamente 1% do PIB. Por volta de 40% dos habitantes dos países pesquisados estão dispostos a pagar o preço.

Veja abaixo no gráfico da Economist:

ClimateChange_Economist

domingo, 6 de dezembro de 2009

Harmonía fractal

Baseado na teoria de que as formas fractais são mais apropriadas para explicar a formação e expansão dos ambientes naturais, o Conselho Superior de Investigação Científicas espanhol bancou a produção das imagens, de um livro e página na Internet sobre o projeto, tão surpreendente quanto o video abaixo.



As fotografias foram feitas por Héctor Garrido e a direção científica ficou a cargo de Juan Manuel García Ruiz. Veja mais aqui.