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sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Um Bilhão de Árvores para a Amazônia e... o Primeiro Deserto Verde do "Bioma"


“Um Bilhão de Árvores para a Amazônia” – foi o nome comercial do “maior programa de recomposição florestal do mundo” lançado pelo presidente Lula e pela governadora Ana Júlia Carepa. Terminado o jogo de cena e silenciados os tambores midiáticos, com o assunto caindo no esquecimento, delegou-se à Secretária de Estado de Meio Ambiente a tarefa de informar, muito discretamente, que 65% desse reflorestamento serão feitos com eucalipto.

A justificativa é simplória: não existe a disponibilidade de sementes para plantar espécies nativas. Ah – ninguém, então, havia pensado nisso no momento do anúncio do número mágico – um bilhão? Mas, que importa? Números sem projetos por trás criam manchetes na imprensa apressada e imprensada no jogo de interesses dos grandes anunciantes – entre os quais o governo e suas estatais.

A meta do governo do Pará – ou, melhor dizendo, da Vale e similares -, agora, continua sendo atingir 20 dos 100 milhões de hectares previstos para o plantio de espécies nativas até 2013. Mas não são claras as informações sobre que áreas serão plantadas com que tipo de árvores - ou seja, o objetivo é criar uma cortina de fumaça.

E continua o silêncio sobre a produção de mudas de essências nativas e outros “detalhes”, exceto quando se afirma que 80 mil hectares de paricá - árvore também conhecida como guapuruvu - já foram plantados no sul do estado. A justificativa é de uma lógica econômica impecável: “o paricá é leve, usado para a obtenção de lâminas de madeira, uma vez que é perfeitamente torneável”.

Essa criação de um deserto verde no tal “bioma amazônico” talvez pudesse ter sido evitada se os “ambientalistas” – incluindo o IBAMA – tivessem sido mais abertos ao diálogo quando em 2005 foi apresentado ao Congresso um projeto que autorizava a recomposição de 30% da reserva legal com palmáceas – em especial dendê e babaçu - para a produção de biodiesel.

De fato, em particular para a juventude que mora nas cidades e acha que comida é coisa que se encontra em prateleiras de supermercados, nunca é demais lembrar que poucos anos antes FHC elevou a reserva legal na região de 50% para 80% por Medida Provisória, numa canetada, apenas para dar satisfações à imprensa estrangeira e ONGs paulistas. Com isso, desde Brasília colocou na ilegalidade, de um dia para o outro, todo o conjunto de propriedades produtivas no “bioma” amazônico.

Pontificar e legislar sobre “biomas” se neles não existissem pessoas dá nisso!

Agora, é hora de refletir. Se esse tipo de imunidade ao diálogo ao estilo “exército da salvação” continuar no processo de inevitável revisão do Código Florestal, o máximo que acontecerá será um novo pacote de remendos vindos de cima para baixo ou por “acordos de lideranças”, em detrimento dos interesses da nação.

***

Aqui, vale o parêntese: a China abandonou há cerca de um ano um projeto lançado em 2002 que previa o reflorestamento de 440 milhões de hectares (bem maior do que o maior do mundo). O projeto colidiu com a necessidade de áreas para a produção de alimentos para uma população de 1,3 bilhão de chineses. Apesar disso, os projetos de reflorestamento econômico num total de 38 milhões de hectares para a indústria de papel e celulose, bem como para a indústria madeireira, continuam. Talvez os chineses possam, agora, liberar áreas agrícolas para a produção de alimentos importando madeira do Pará.

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